sábado, 28 de julho de 2012

Prefácio

Vitória Morley vai morar em Torres com sua tia e avó, após a trágica perda de sua família. Na cidade ela vive a magia do lado obscuro da vida que ela não conhecia. Após varias mudanças ela se vê dividida entre o real e o imaginário após descobrir quem matou sua família por vingança. 

Vitória Morley

Se você perdesse toda sua família, descobrisse ser algo que sempre teve como mito, virasse o ser mais importante do mundo, mesmo que só você e a comissão soubesse, e amasse incondicionalmente alguém que morre. Se você sempre expelisse todos, e se quem você mais considera é seu pior inimigo? E se a humanidade estivesse em suas mãos, e se seu filho descobrisse erros de seu passado que agora você tem que concertar? E se descobrisse um novo amor, cujo você deu a vida? E se der repente você matasse o único cujo você deveria adorar? E se você vivesse entre a vida e a morte? E se você revelasse o segredo?

Teria suporte para não se matar?'

Prólogo

Há tempos pairava no ar a ideia de maturidade e individualidade. Todo ser mentalmente capaz de pensar almeja independência, eu desejei até o momento em que ela uniu-se com a responsabilidade e agarrou-se diante de minha inocência. 


Cap 1) --------------------------------------------------------- Interior.

  Segurava as mãos de minha avó com mais força que o normal, queria ter certeza sobre meu equilíbrio, sua textura murcha e lisa por baixo de minhas mãos tremulas e úmidas causavam ansiedade, dor e angústia.
 É claro que ninguém queria estar no meu lugar, é claro que todos teriam pena de mim, e isso me incomodava um pouco, atenção era bom para não cometer suicídio, mas solidão trazia lembranças, e lembranças era tudo o que eu precisava agora para me agarrar e não deixar mais escapar.
 Enquanto ouvia o chapinhar de meus tênis pelas poças de água pela estrada do cemitério, e me agarrava cada vez mais forte em minha vó com medo de desmoronar, e desfazer-me em pedaços. Senti a súbita vontade de espiar pelo canto dos olhos o túmulo onde meus pais haviam sido enterrados com minha irmã. Havia um homem alto de preto parado na chuva me observando. Mecanicamente parei puxando minha vó para chuva, e me virei, pera encara-lo. Mas ele não estava mais lá, minha vó não falou nada as vezes podia ouvir os poucos soluços baixos vindos de sua garganta. Vasculhei o lugar com meus olhos, a procura do homem de preto, andei alguns passos pela chuva que parecia aumentar como se pudesse furar minha pele, então apertei meu peito com muita força e voltei para o abrigo do guarda chuva com minha vó Tânia.

"- O que foi?". Perguntou ela na voz doce e angelical que eu conhecia.
"- Você não viu o homem?". Eu escondi meu rosto em seu ombro e continuamos a caminhar para mais longe dos túmulos, onde sabia que tão cedo não voltaria.
"- Não, não tem ninguém aqui, quem viria com chuva". Ela cantou em meu ouvido tentando mostrar-se forte.
"-Onde está tia Nicole?". Eu não lembrava dela ter se afastado de nós durante a tarde que me debrucei a chorar sob os túmulos.
"- Enquanto você se... despedia, ela foi até o hospital resolver uma papelada". Apenas fiquei em silêncio enquanto caminhávamos em direção ao grande arco de entrada do cemitério. Enquanto ficamos paradas na chuva esperando Nicole nos buscar com seu celta preto, percebi uma frase escrita em tinta apagada em uma placa de madeira em uma arvore.

'A morte não é mais que o regresso a verdadeira vida'.
                                                                       (Scipião)



Continua....